O equilíbrio entre os esforços de inovação nos diversos horizontes de crescimento sempre foi um tema crucial em inovação corporativa. No contexto atual, essa questão ganha ainda mais importância, uma vez que as organizações precisam ajustar seus esforços inovativos às mudanças trazidas pela pandemia e às novas dinâmicas de mercado e comportamento.
As empresas, de forma organizada ou não, estão rapidamente adaptando suas estratégias para reagir aos impactos da pandemia. Como uma boa estratégia de inovação deve estar sempre alinhada com a estratégia de negócios, é essencial refletir sobre o equilíbrio desses esforços. Se uma empresa mudou sua estratégia devido à pandemia, mas não ajustou seus esforços de inovação, pode estar perdendo grandes oportunidades e comprometendo a eficácia de seus projetos atuais.
A figura a seguir ajuda a ilustrar a reflexão sobre o balanceamento dos esforços de inovação neste momento de crise:
A matriz conhecida como Innovation Ambition Matrix mapeia as diferentes opções de posicionamento dos esforços de inovação, abrangendo o Horizonte 1 (inovações no core business), Horizonte 2 (inovações em áreas adjacentes) e Horizonte 3 (inovações transformacionais). A regra de ouro é manter um equilíbrio nos esforços de inovação entre esses três horizontes, de acordo com a ambição de crescimento da organização.
Atendendo a diversas grandes organizações nos últimos anos, notamos que, antes da crise, havia uma preocupação significativa em explorar os Horizontes 2 e 3, buscando diversificação e inovações de maior impacto. Durante a crise, a diversificação continua presente nas discussões internas, especialmente em empresas que sofreram quedas nas receitas de seus produtos e serviços. No entanto, a maioria das empresas tem concentrado seus esforços de inovação no core business, deixando de lado explorações de oportunidades em áreas adjacentes e transformacionais.
Apesar da maioria das empresas focar no core business, algumas entendem que este pode não ser o melhor movimento para aliviar pressões orçamentárias a curto prazo. Essas empresas têm direcionado parte de seus esforços de inovação para explorar adjacências com "low hanging fruits". Embora haja várias razões para focar em resultados a curto prazo, a grande mensagem é que curto prazo não significa necessariamente foco exclusivo no core business. Hoje, vemos exemplos de empresas explorando adjacências de forma rápida, muitas vezes recuperando o investimento no mesmo ano.
A palavra-chave aqui é AGILIDADE: acessar novos mercados e viabilizar novos canais através de testes rápidos e sucessivos, acelerando a entrega de valor à organização. Viabilizar este tipo de atuação deve ser um dos principais objetivos dos times de inovação, especialmente quando a diversificação e redução de riscos são prioridades (leia mais sobre este ponto específico no artigo "Agilidade Estratégica").
No contexto de Agilidade Estratégica, a área destacada na matriz acima representa os espaços que as organizações podem explorar nos Horizontes 2 e 3 a curto prazo, alavancando seus ativos existentes. Territórios localizados nesses espaços, se explorados de forma ágil, tendem a concentrar esforços de inovação com maior taxa de retorno sobre os investimentos, conhecidos como "low hanging fruits".
De fato, um foco no curto prazo implica que inovações em produtos e desenvolvimento de tecnologia, que geralmente têm ciclos mais longos, sejam despriorizadas. Por outro lado, inovações de canal e novos negócios adjacentes são extremamente relevantes para acessar rapidamente novos mercados, aproveitando os produtos e serviços existentes ou suas pequenas variações, sem grandes investimentos.
As possibilidades que o digital traz aos negócios estão sendo mais bem percebidas neste momento de restrições. Além de novos canais digitais, as ferramentas digitais podem auxiliar na viabilização de novos canais físicos e garantir melhores experiências para os clientes.
Encerramos este artigo com a provocação: quais são as oportunidades de novos mercados adjacentes que sua organização não está explorando hoje? Como executar essa exploração de forma ágil, com baixo investimento e alta expectativa de retorno, aproveitando os ativos e capacidades da empresa e as inúmeras possibilidades que o digital oferece?
A crise impõe novas pressões sobre os esforços de inovação, e a prática de manter um equilíbrio entre os diferentes horizontes de inovação se torna ainda mais relevante. Como confirmado por líderes que contribuíram para o estudo, focar no curto prazo não exclui necessariamente oportunidades fora do core business. Pelo contrário, explorar adjacências que aproveitam os ativos da empresa são boas opções para focar os esforços de inovação em um contexto de restrição orçamentária, exigindo maior assertividade.
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