Inovando Internamente

       Geralmente, quando falamos de inovação, já pensamos em um novo produto ou um novo serviço. A analogia é correta em relação ao volume de esforços (pessoas e investimentos) de diferentes empresas para se inovar – é no produto ou serviço que a grande maioria reside. Mas sabemos que inovar vai muito mais além desses tipos de inovação: ela pode variar de acordo com a abrangência, a intensidade, os direcionadores e o resultado que ela gera. 

       Para nós, inovação é a geração de valor a partir da exploração de novas ideias, ou seja, uma inovação necessariamente deve gerar valor, entregar resultado, independente do que seja resultado para o público-alvo, sendo redução de custo, resolução de necessidade ainda não atendida, melhoria de desempenho, aumento de receita, redução de risco, diversificação etc.  

       Em termos de resultado, quando buscamos analisar o valor acumulado em relação ao esforço, há tipos de inovação que trazem maiores e melhores resultados do que necessariamente criar um novo produto ou serviço.

       É sobre a óptica do resultado gerado que vamos discutir neste artigo os tipos de inovação possíveis, classificando, definindo e exemplificando cada forma de inovar com base no livro Ten Types of Innovation. Agrupadas em 3 classificações de acordo com o foco da inovação (Configuração, Oferta e Experiências), este primeiro artigo de uma série de dois, tratará sobre os tipos de inovação internas – agrupadas como Configuração-, focadas em processos, estruturas e modelos de negócio da organização. Confira abaixo. 

Tipos de Inovação: Configuração 

Modelo Comercial 

       É a forma como a empresa cria rentabilidade para o seu negócio. 

       A inovação desafia paradigmas da forma de oferecer um produto, de que maneira cobrar e como lucrar com este modelo. 

       É o caso da Gillette. No início, a empresa optou por cobrar mais por seus aparelhos e menos pelas lâminas, tornando-as comum o hábito dos consumidores descartarem as mesmas rapidamente. Invertendo a lógica, a empresa criou um modelo de negócio mais lucrativo e ainda assim, aumentou o ciclo de vida de seus produtos. 
 

Outros casos: Skype, HP 

Modelo de Rede 

       Está na maneira com que a empresa se conecta e gera valor compartilhado para a cadeia. 

       Gerar valor compartilhado pode trazer benefícios para ofertas, canais de venda, tecnologias associadas, processos e no impacto da marca. É também uma forma de compartilhar riscos no desenvolvimento de novas ofertas e negócios. 

       É o caso do banco holandês Triodos Bank. Um banco como qualquer outro, mas que decidiu investir exclusivamente em uma rede de negócios sustentáveis. Por consequência, o seu modelo em rede também lhe rendeu maior valor ao trazer clientes que priorizam o tema em suas escolhas pessoais. 
 

Outros casos: Natura, Target 

Estrutura 

       Reflete na forma com que a empresa organiza e valoriza seus talentos e ativos. 

       São inovações que refletem mudanças da forma organizacional com relação aos recursos que a empresa possui. Causam mudanças diretas em questões relativas aos custos fixos e à estrutura corporativa. Melhorias no envolvimento, engajamento interno, atração de talentos são alguns dos resultados possíveis de uma inovação de estrutura. 

       Descentralizar a gestão foi a escolha da empresa Whole Foods, a rede americana de varejo. As lojas apresentam autonomia total em sua gestão, da escolha de quais produtos vender a contratação de um novo funcionário, que por sua vez, deve ser aprovada por 2/3 dos funcionários. O conceito de garantir confiança entre os elos e transparência total às lojas trouxe como resultado o aumento de performance do grupo. 
 

Outros casos: Vagas.com, Semco